por Isabel Nogueira
João Louro tem patente uma exposição na Galeria Vera Cortês, intitulada A Mosca de Lindbergh, um trabalho que toma como ponto de partida o voo transatlântico solitário de Lindbergh, de Nova Iorque a Paris, tendo por única companhia uma mosca, cujo incomodativo zoar devia ajudá-lo a manter-se desperto na longa viagem. Nos últimos tempos, Louro inaugurou também um project room no Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia/MAAT — Linguistic Ground Zero —, no qual se destaca uma reprodução de Little Boy, a primeira bomba atómica da história, lançada em 1945 sobre Hiroxima. O pormenor que torna a peça ainda mais inquietante prende-se com a alusão às inscrições que os soldados faziam nas bombas. Agora, nesta obra, as inscrições referem-se à arte, à política, às vanguardas, elas próprias advindas etimologicamente de avant-garde, termo militar de origem medieval. E tudo faz sentido. As questões da palavra, da imagem, ou as referências histórias e cinematográficas estão, uma vez mais, a pontuar o trabalho de João Louro.