APLAUSO

APLAUSO
March 10, 2001 João Louro
aplauso

João Fernandes
2001
in APLAUSO, Comentários sobre os Dados Imediatos da Consciência, a partir de uma Obra de João Louro

(1) Realizar uma obra de arte é hoje muitas vezes indissociável de uma consciência das condições de produção, circulação e receção dessa mesma obre de arte. (2) Esta consciência parte de uma estratégia de crítica do real, a partir do reconhecimento e interrogação do lugar das artes no mundo social. (3) Quando o objeto e o consumo surgem como as instâncias prioritárias na definição de uma comunidade, muitos artistas manifestam um cepticismo relativo às possibilidades da arte como meio de comunicação e representação do real. (4) O aplauso é um reflexo condicionado nas sociedades contemporâneas, à semelhança dos programa de TV em que os espectadores são obrigados a aplaudir no exercício da demissão das suas competências críticas e reflexivas. (5) Os sonhos são cada vez mais revelações dos dados imediatos de uma consciência manipulada pela televisão, pela publicidade, pelo sistema político e por outras instâncias de poder congéneres numa sociedade de consumo. (6) Quando alguém come um hamburger ou compra uma camisa, as marcas de cada produto correspondem a padrões de vida impostos que alienam os cidadãos da sua capacidade de livre arbítrio. (8) Somos imunes ao horror na vida social. O planeta pode estar a ser destruído, milhões de seres humanos podem estar condenados a morrer de fome e de várias doenças. Preferimos fazer compras ou ir ao cinema em vez de reagir ao horror que conhecemos. (9) Os filmes de terror são hoje meras referências da história do cinema. Não há terror comparável àquele que nos entra em casa todos os dias através dos noticiários. (10) As histórias de vampiros jamais deixaram de ser eficazes na sua condição de alegorias sociais. (11) A publicidade é óbvia mesmo quando subliminar: a arte jamais o poderá ser. (12) Quem sonha a preto e branco não deixa de ter pesadelos a cores. (13) O lugar e o tempo de estar e de ver são sempre transformáveis: a obra de arte é disso uma experiência concreta. (14) Entreter é distrair. Não há nenhum mal nisso se tal não puser em causa a capacidade do nosso entendimento do que vemos, do mundo em que vivemos, ou da possibilidade de a ele reagir. (15) Sonhar quando se dorme só se torna um problema se jamais se conseguir despertar. (16) Quando o espectador se interroga perante uma obra de arte ou sobre o que o artista quer dizer, ignora o que ele mesmo poderá descobrir e dizer através do seu confronto com essa mesma obra de arte. (17) Nenhum texto explica uma obra de arte; se o artista se confronta consigo mesmo e com o mundo ao realizar uma obra de arte, deveria ser natural que tal confronto se pudesse estender ao espectador. (18) O comentário não substitui a experiência daquilo que comenta ou documenta.

 

-João Louro

Nosferatu

1)Este nome não soa como a verdadeira chamada da meia-noite para a morte? Não o diga em voz alta ou as imagens da vida tornar-se-ão pálidas sombras e os pesadelos erguer-se-ão para se alimentarem do seu sangue.

2)Vai ter uma viagem maravilhosa – o que interessa se lhe custar um pouco de dor – ou até um pouco de sangue?

3)Parta imediatamente , meu jovem amigo. Tenha um rápida viagem até à terra dos fantasmas!

4)Não se deve ir embora! Os espíritos malignos tornam-se totalmente poderosos ao anoitecer!

5)Não fale alto.

6)Os homens nem sempre reconhecem os perigos que as bestas podem sentir em certas ocasiões.

7)Sangue! O seu precioso sangue!

8)Nada mais do que um fantasma!

9)Nova praga confunde a ciência

10)Tenho de ir ao seu encontro. Ele aproxima-se!

 

João Fernandes
2001
in APPLAUSE, Comments on some Immediate Data of the Consciense, from a Work of João Louro

(1) Nowadays making a work of art is often connected to an awareness of the production conditions, circulation and acceptance of that wor of art. (2) This awareness arises from a critical strategy of the real, from the recognition and inquiry of the art’s place within the social world. (3) When the object and consumption arise as primordial proceedings in the definition of the commmunity, many artists express their scepticism related to art’s possibility as a mean of communication and representation of the real. (4) The applause is a conditioned reflex within the contemporary societies, similar to tv programs where viewers are forced to applaud resigned from their critical and reflexive competences. (5) Dreams are more and more revelation of the immediate data from a conscience which is ruled by television, advertising, politics and other like powerful proceedings within a consumption society. (6) When someone eats a hamburguer or buys a shirt, brands of each product match imposed life patterns which alienate citizens from their ability of freedom of choice. (7) The worst nightmares are those which we have no conscious of. (8) We are imune to horror in social life. The planet may be destroyed, millions of human beings may be condemned to die from hunger and from several diseases. Instead of reacting to the horror we know, we prefer to go shopping or to go to the cineam. (9) Nowadays terror films are simple references of the history of cinema. There is no comparable terror to the one which comes into our homes every day through the news. (10) Vampire’s stories have always been effective in their conditions of social allegories. (11) Advertising is obvious even when subliminal: art will never be. (12) Someone who dreams in black and white is not free of having coloured nightmares. (13) The place and time of being and seing are always changeable: the work of art is a real experience of that. (14) To entertain is to distract. There is no harm if our understanding of what we see, of the world we live in or of how we react to  it is not put into danger. (15) To dream when we sleep only becomes a problem if we are never able to wake up. (16) When the viewer interrogates himself before a work of art or about what the artists wants to say, he ignores what he himself may find out and say through his confrontation with that same work of art. (17) There is no text which can explain a work of art; if the artist confronts himself and with the world when he is making a work of art, it should be natural that such confrontation could extend to its viewer. (18) The comment does not replace the experience of what is commented or documented.

 

-João Louro

1)Doesn’t this name sound like the very midnight call off death? Speak it not aloud , or life’s pictures will turn to pale shadows, and nightmares will rise up to feed on your blood.

2)You will have marvellous journey – what matter if it costs you a bit of pain – or even a little blood?

3)Leave at once, my young friend. Have a quick journey into the land of phantoms!

4)You must not leave now! The evil spirits become all powerful after dark!

5)Speak it not aloud

6)Men do not always recognise the dangers that beasts can sense at certain times.

7)Bood! Your precious blood!

8)No more than a phantom!

9) New plague boffles science.

10)I must go to him. He is approaching!!!